terça-feira, 12 de março de 2013

A Imagem Obsessiva - Lugar e tempo na Roma de Adriano

      No ano de 118, Adriano, Imperador de Roma, deu início à construção de um novo Pantheon, no mesmo lugar que se localiza o antigo. Ele agrupava as dinvindades na construção.





"Daqueles dias até hoje, sua característica mais admirável talvez seja o efeito da luz, entrando pelo teto. Em dias ensolarados de verão, os raios de sol penetram do alto em direção ao chão, subindo novamente, como se a estrela que é o centro do sistema planetário se movesse em sua órbita; nos dias nublados, a luz se converte em névoa cinzenta, com nuances provocadas pela concha sólida. À noite, o prédio parece desmaterializar-se; através da abertura no topo do domo, um círculo de estrelas preenchem a escuridão."



      Naquele tempo, o Pantheon estava saturado de símbolos políticos, o pavimento foi projetado como um tabuleiro, característica essa presente no traçado urbano das novas cidades. As estátuas dos deuses foram colocadas em nichos, na parede circular, "de tal forma que eles pudessem tutelar em harmonia a corrida de Roma pela dominação do mundo".
      Meio milênio depois, o prédio se tornou uma igreja cristã, Sancta Maria ad Martires. Fato que explica a sobrevivência da construção, uma vez que as outras edificações ruíam, mas a igreja não podia ser pilhada.
     A ordem visual e o poder imperialista de Roma estavam indissoluvelmente ligados. "O imperador precisava que seu poder fosse evidenciado em monumentos e obras públicas". O povo acreditava que os deuses se disfarçavam e caminhavam entre as pessoas. Pensavam que essas divindades deixavam sinais visíveis de sua presença em toda parte, sinais que os governantes usavam para justificar seu reinado.
      O desejo era algo que assustava tanto aos cristãos como aos pagãos, por diferentes razões. Para os cristãos, o apetite sexual desvalorizava a alma; para o pagão, significava desrespeito às convenções sociais, desmantelamento da hierarquia, confusão de categoria, caos incontrolável. Em meio a esse mundo incontrolável, o pagão procurava segurança no que via na cidade, nas termas, anfiteatros e nos fóruns. Como se não fosse o bastante, começaram a dar crédito à ídolos de pedra.


    Daí começou a obsessão romana por representações plásticas de pessoas e objetos, baseados no estudo feito por Vitrúvio, sobre as simetrias bilaterais dos ossos e dos músculos, dos olhos e ouvidos. Vitrúvio concluiu que isso poderia ser traduzido na arquitetura. A partir desse momento, os romanos começaram a projetar sua cidade com base nas regras de correspondência bilateral e privilegiando a percepção visual linear.
       Figuras geométricas abstratas são atemporais, característica tranquilizadora para os romanos quanto a imagem da cidade.
"A persistência da cidade corria em sentido contrário ao tempo durante o qual o corpo humano ultrapassava fases de crescimento e decadência, planos derrotados e esquecidos, lembranças de faces obscurecidas pelo envelhecimento ou desespero". Adriano reconheceu que a experiência que o homem tem de seu corpo conflitava com a ficção do lugar chamado Roma.
        Já os cristão romanos, tentavam vivenciar o tempo em seus corpos, na expectativa de que por meio da conversão religiosa o caos dos desejos deixaria de afligi-los; o peso da carne se tornaria mais leve à medida que se aproximasse do Poder imaterial. Eles pensavam que quanto maior fosse sua fé, menos se sentiriam presos aos lugares que viviam.
        Apesar disso, os devotos iam orar no templo de Adriano, ressurgindo o senso de lugar e consequente diminuição da necessidade de transformar seus corpos.
          Portanto, a passagem do politeísmo para o monoteísmo desvendou o grande drama do corpo, do lugar e do tempo. A era de Adriano tomou o lugar do intenso amor dos gregos pela pólis. Se por um lado, o pagão não se entregaria ao reino da pedra sem incertezas, o cristão não poderia mais doar seu corpo a Deus.



Adriano Assassina Apolodoro


A despeito de todas as dificuldades e desafios impostos a um imperador romano, era essencial garantir os espetáculos encenados para celebrar a glória de Roma. Dentre as histórias contadas, estava a do assassinato do arquiteto Apolodoro a mando do imperador Adriano.

Tal história, provavelmente falsa, narrava a construção do Templo de Vênus, que foi erguido sobre os escombros da Casa Dourada de Nero, tendo sido dedicado aos cidadãos romanos, já que a mensagem de Adriano era que “o Estado pertence ao povo e não a mim”, populi rem esse, non propriam.


Diz-se que Adriano enviou as plantas do Templo a Apolodoro, e este fez duras críticas ao projeto, afirmando que o Templo de Vênus não conseguia simbolizar sua unidade com o povo, fato este que levaria Adriano a quebrar seu elo mais importante com seus súditos. Assim, para proteger tal vínculo, mandou assassinar o crítico de sua obra.
Os romanos cunharam a expressão “teatrummundi”, que significa “o mundo é um palco”, de forma que eles passaram a dar crédito apenas ao que os seus olhos viam. Era o que se conhece hoje por “culto às aparências”. Os romanos institucionalizaram seu modo de tomar as aparências literalmente.
Dotados de forma circular ou oval fechada, os anfiteatros romanos foram palco de lutas mortais de gladiadores, de homens e mulheres lançados indefesos às garras de leões, ursos e elefantes. Criminosos, desertores, hereges e cristãos eram torturados, crucificados ou queimados vivos. Mas esta casa de horrores dava mais do que prazer sádico ao seu público: ela embrutecia o povo ante as carnificinas que precediam as conquistas imperiais.


Outra grande utilidade dos anfiteatros era a de personificar os deuses em suas histórias míticas: certa fez, Átis foi castrado e Hércules foi queimado vivo. Orfeu, vestido com pele de animal, foi de repente devorado por um urso.
Para representar melhor a realidade, os romanos recorreram principalmente à mímica e à pandomima, que é uma modalidade de teatro gestual, valorizando a forma perfeita e a estética da linha do corpo, pois é através dele que tudo será dito. A gesticulação política chegou até ao fabrico de moedas eloquentes, demonstrando em suas faces muitas informações, criando um vínculo indissolúvel entre a representação e os atos dos governantes.
Ao invés de promover uma cena inédita, fora do comum, os romanos preferiam repetir centenas de vezes, por exemplo, a cena de um miserável vestido adequadamente, que logo era identificado como Orfeu, e logo evocava no público o seu terrível destino de ser devorado vivo por um urso. A repetição parecia gravar com muito mais força a imagem na mente do espectador. Talvez por isso nota-se uma certa escassez de imagens visuais na cultura romana.

Olhar e Obedecer


A geometria do corpo

O Pantheon, regido pela simetria, aparenta ser uma extensão do corpo humano. O jogo simétrico de quadrados e curvas lembra alguns dos mais famosos desenhos de Leonardo da Vinci e Serlio, mostrando o corpo masculino nu com braços e pernas estendidos, onde desenhou-se uma círculo perfeito em torno dos membros esticados, o centro no umbigo do homem e as pontas dos seus dedos no lugar dos vértices do quadrado perfeito.

No livro “Da simteria: nos templos e no corpo humano”, Vitrúvio relaciona as disposições regulares do corpo às que a arquitetura do templo deve obedecer.
Um templo deveria ter frações iguais e opostas, exatamente como os lados do corpo. Vitrúvio imaginava que os braços eram ligados às pernas pelo umbigo, ou seja, pelo cordão umbilical – a fonte da vida. Baseado na disposição e nas relações simétricas do corpo humano com o círculo e o quadrado perfeito,moldou-se o Pantheon, onde o quadrado estava inscrito dentro do círculo e posteriormente inspirou os desenho de Leonardo da Vinci e Serlio. Sua crença fundamentava-se na escala do corpo humano, com base na qual o arquiteto devia modelar o prédio a ser construído.

A criação de uma cidade romana
O chão do Pantheon trata-se de um tabuleiro de quadrados de mármore, pórfiro e granito, alinhados na direção norte-sul. Projetistas imperiais do tempo de Vitrúvio planejaram cidades inteiras fazendo uso do mesmo sistema, criando tabuleiros de ruas em torno de áreas ilhadas no seu interior.
Embora não tenha sido criada por eles, esse tipo de desenho urbano ficou conhecido como rede romana, onde foram erguidas as mais antigas cidades seguindo este mesmo modelo. Para fundar uma cidade, ou reconstruí-la, após a conquista, os romanos estabeleciam o ponto que chamavam umbilicus – um centro urbano equivalente ao umbigo humano, servia como ponto de partida para o cálculo da geometria urbana; a partir daí, os projetistas mediam as distâncias e as dimensões de cada espaço a ser construído.
Sempre em ângulos de noventa graus, as duas ruas principais cruzavam-se no meio da cidade, criando-se quatro quadrantes simétricos, depois repartidos em outros quatro, e assim sucessivamente, até que as regiões da cidade tomassem a forma do pavimento do Pantheon.
Esse centro urbano tinha um grande valor religioso. Abaixo e acima dele, os romanos imaginavam que a cidade conectava-se com os deuses entranhados na terra e com os deuses de luz, no céu. No início da construção da cidade, frutas e outras oferendas, trazidas pelos engenheiros de seus lugares de origem, eram colocadas na cova, cumprindo o ritual que tinha em vista agradar aos “deuses infernais”. Finalmente, por cima da pedra quadrada acendia-se um fogo e só então o “nascimento” da cidade era tido como um fato.

Fórum Romano

O Fórum era o centro cívico religioso e monumental das cidades romanas, assemelhando-se as Ágoras, do tempo de Péricles. A diferença em relação a Ágora estava justamente no agrupamento de uma mutidão diversificada em um espaço retangular, enquadrado por outros prédios.
   Seguindo  um esquema retangular repetido por todo o Império, a construção do Fórum obedecia a um plano. Um plano divino. O local era confiado à proteção dos deuses. Uma construção religiosa particularmente importante é o Pórtico dos Doze Deuses. 
  Eles pretendiam fazer com que sua arquitetura fosse consensual, harmônica e linear, através do desenvolvimento do Peristilo e da Basílica. O peristilo consiste numa extensa série de colunas ao longo, por exemplo, de um pátio, ou defronte a blocos de prédios. A basílica é uma construção retangular a que as pessoas tem acesso por um lado, saindo pelo outro. Os Romanos criavam espaços em que uma pessoa se deslocasse sempre para frente, sem nada que chamasse atenção lateralmente, sendo essa a espinha dorsal desses lugares.
   A geometria do espaço romano disciplinava o movimento corporal e, nesse sentido, conduzia a regra de olhar e obedecer, intrinsecamente vinculada ao diktat e acreditar.. Como nas cidades provincianas, a geometria do poder, no centro de Roma, inibiu a exposição das diversidades. A medida que regras foram sendo impostas no Forum Romano, ao final do período republicano, os mercadores, açougueiros, verdureiros e peixeiros mudaram-se para bairros distantes, deixando a zona totalmente livre para advogados e burocratas. Reduzida a diversidade, o antigo centro de Roma passou a ser um lugar dedicado ao cerimonial, onde o poder vestia a indumentária e desempenhava os papeis pacificadores da pantomima.
  A ordem visual também impunha sua marca nos prédios ocupados pelo Senado romano, que de suprema instituição republicana caíra no formalismo, com a ascensão dos imperadores. 
  Todo o desenrolar da história do Fórum Romano foi como um presságio dos grandes fóruns imperiais, que seriam construídos durante o período que se seguiu e que se constituíram em imensos espaços, nos quais os romanos se moviam, submissos, diante das representações da majestade dos deuses vivos que governavam suas vidas.

A casa romana


As famílias, em Roma, tinham uma notável diferença em relação às gregas, pois existia muito mais igualdade entre os sexos. Poderiam ter propriedades (sine manu), as filhas poderiam dividir com os filhos a herança, homens e mulheres poderiam comer juntos. No entanto, o grupo familiar era fortemente hierárquico e patriarcal.



A casa romana, o domus, evidenciava as classes, a clientela, as idades e a propriedade dos moradores. Entrava-se através de um primeiro vestíbulo, em que os visitantes eram avaliados e Vitrúvio recomendava que fosse tão luxuosa quanto possível; chegando-se a um átrio, a céu aberto, os dormitórios e os cômodos reservados ao armazenamento situavam-se lateralmente, e à frente, próximo a um espelho d’água, havia um nicho que abrigava os deuses padroeiros da casa.

Já nas moradias mais ricas, o deslocamento ao longo deles dependia de quem habitasse cada um dos aposentos. A ordem doméstica, no topo da pirâmide social, servia como um padrão de vida. À semelhança de um fórum, nele permaneciam grupos de pessoas que, em ordem de importância, aguardava serem recebidos pelo dono da casa e de quem veio nos recepcionar. 
Uma vez constituído o núcleo da família pelo casamento, os cônjuges deviam preservar a linhagem.
Corpo, casa, fórum, cidade, império baseavam-se em imagens lineares. A obsessão romana de organizar o espaço de forma clara e precisa. Esse desejo de orientação exata demonstrava a mesma ânsia no gosto pela repetição interminável de imagens, até que se convertesse em verdades inquestionáveis. Era o reflexo das carências de um povo que não desfrutava de conforto e vivia em meio a desigualdades. A geometria procurava dar ideia de uma Roma eterna e essencial.


A Obsessão Impossível


Adriano compôs o seguinte poema, intitulado “À sua alma”:
Animula uagula blandula,          |             Pequena alma terna, flutuante,
Hospes comesque corporis,        |             Hóspede e companheira do meu corpo,
Quae nunca bibis in loca            |             Vais descer aos lugares
Pallidula, rígida nudula,             |             Pálidos, duros, nus,
Nec, ut soles, dabis iocos...         |             Onde deverás renunciar aos jogos de outrora...


Para Marguerite Yourcenar, ela afirma que “Tão logo os deuses deixaram de existir e antes do Cristo chegar, houve um momento único na história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem ficou só”.
Já para críticos contemporâneos, como William MacDonald, afirma que “Saturado dos símbolos arquitetônicos, religiosos e imperiais, como o Pantheon – controlada, quase imposta, como sua forma visual - assim, a construção inspira um profundo e misterioso sentimento de solidão.
Adriano

terça-feira, 5 de março de 2013

Análise dos textos - 1º Estágio

Primeira Questão 

    Para o homem, o espaço se forma a partir da manipulação da realidade, dos objetos contidos na cidade, que dão a ideia de distância. O espaço é construído pela experiência que o homem tem com seu entorno e sua relação dá-se em como o homem compreende, percebe e interpreta o espaço.
    Já a relação entre espaço e imaginação, "a maioria dos habitantes da cidade só tinha olhos para os artifícios urbanos, para suas berrantes propagandas de neon", mas o que Marcovaldo propõe é um olhar diferente daquele que foi comum durante muito tempo na historiografia, uma reeducação no olhar.
    A arquitetura é criada a partir de uma integração entre espaço e imaginação, com a finalidade de aguçar os cinco sentidos dos indivíduos, provocando em todos e principalmente nos observadores de suas obras uma percepção que não se limita ao âmbito da simulação e do engano.


Segunda Questão

    Em seu cotidiano, é inerente ao exercício da arquitetura novas perspectivas de espaço urbano, ver além do que a imagem se apresenta. A organização espacial viabiliza um conjunto de possibilidades, que e traduz em algo qualitativo, fundamentando o trabalho do arquiteto.


Terceira Questão

    Para Françoise Choay, "monumento é tudo o que for edificado por uma comunidade de indivíduos para rememorar ou fazer que outras gerações de pessoas rememorem acontecimentos, sacrifícios, ritos ou crenças". Sendo assim, os monumentos foram criados para serem adorados no presente, criando uma maneira de diálogo em que a arquitetura pode ao mesmo tempo fazer reviver nosso passado, assegurar a glória do arquiteto-artista e conferir autenticidade ao testemunho dos historiadores.


Quarta Questão

Arquitetura Primitiva

    A arquitetura primitiva pode ser compreendida primariamente como uma imposição da necessidade da conservação da vida humana sob os efeitos do clima, da nocividade do tempo meteorológico, abrigando o corpo num microambiente alterado. O instinto do homem primitivo o conduz a um recinto fechado, onde ele acostuma-se a procurar não só para repousar, mas também para escapar às intempéries. Esse local pode ser definido como uma habitação primitiva. O ambiente interno de uma habitação primitiva qualquer é, sem dúvida, um microclima especialmente preparado pelo homem de modo a fornecer-lhe as condições mínimas de higiene, repouso e segurança necessárias.

    A habitação primitiva é um microclima artificial. Oferece uma vantagem considerável, podendo ser parcialmente modificada, regulada e amenizada quando ocorrem situações de viciação ou fenômenos meteorológicos desfavoráveis imprevistos. Ela pode ser também considerada um "acidente" geográfico, uma descontinuidade do espaço natural intocado. Podemos definir a arquitetura das construções primitivas como abrigo humano desenvolvido sob a intuição e a resolução de problemáticas espaciais influenciados pelo sítio onde se insere. Podemos afirmar que não poderia ser adaptada ou transportada de uma região para outra de clima inverso ou com condições naturais diferentes daquelas que geraram as resultantes formais deste modelo de habitação, assim como foram geradas as especificidades da vegetação, dos animais e dos próprios homens.

Arquitetura Vernacular
    Cada lugar é carregado de percepções individuais e de sensações próprias, os quais definem as características daquele determinado espaço, que se faz marcado pela presença protetora do genius loci, através da arquitetura vernacular, tanto em monumentos históricos, como em instalações industriais.
Os arquitetos, com suas obras de edificação, ultrapassam a marcação do tempo, enquanto a arquitetura vernacular, mais espontânea, revela e interliga sua historicidade à tradição, dando caráter ou genius loci à cidade (BARDA, 2007). Esta arquitetura vernacular está presente no patrimônio construído em cidades das regiões Norte e Noroeste do Estado do Paraná. Zani (2003) cita que é através das tipologias construtivas trazidas pelos imigrantes colonizadores europeus, entre as décadas de 20 a 70.
    A arquitetura vernacular é todo o tipo de arquitetura em que se empregam materiais e recursos do próprio ambiente em que a edificação é construída, caracterizando uma tipologia arquitetônica com caráter local ou regional. No processo de planejamento e ordenação do crescimento urbano, as edificações históricas vernaculares são como artefatos na afirmação de identidades, que é caracterizada pela presença protetora do genius loci.

Arquitetura Erudita
    A arquitetura erudita imita a arquitetura popular. Segundo Alain (Alain, SBA) “Existe uma arquitetura popular, do mesmo modo que uma música popular. Nossos arquitetos se limitaram sempre a copiar as casas, quando não copiavam o grego ou o romano”. Existe uma correlação entre a arquitetura popular e a erudita, pois esta se alimenta das formas criadas pela primeira e, sempre que passa a buscar a beleza formal, entra em decadência.
    Em princípio, denominamos de erudita a arquitetura produzida por especialistas treinados, detentores de um repertório de informações.


Quinta Questão


    O tema da Oficina 4 teve grande importância para a disciplina pois ao estudarmos teoria e historia da arquitetura e do urbanismo percebemos que a história faz parte das mudanças e construções arquitetônicas. O que foi o caso da origem da cidade no oriente.
    No tema específico, mostra que a cidade se forma “quando as indústrias e os serviços já não são executados pelas pessoas que cultivam a terra”.
Em resumo a aldeia passa a ser cidade no momento que as indústrias e os serviços não são mais executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que já não tem essa obrigação. Assim nasce o contraste entre dois grupos dominantes. Enquanto as indústrias e os serviços se desenvolvem através da especialização a produção agrícola cresce utilizando estes serviços e instrumentos.
    A sociedade se torna capaz de evoluir e planejar a sua evolução. A cidade, centro motor da evolução, se transforma numa velocidade muito maior do que a aldeia e mostra mudanças muito profundas da composição e das atividades da classe dominante, que influi sobre toda a sociedade. A revolução urbana começa no crescente e fértil onde é coberto com uma vegetação rala e desigual. A planície é fértil, mas só consegue ser cultivada por onde passa ou pode ser conduzida a água. Os rios, os mares e o terreno aberto às comunicações favorecem as trocas de mercadorias e notícias; os céus, quase sempre serenos, permitem ver, à noite, os movimentos regulares dos astros e facilitam a medição do tempo. Foi neste local que algumas sociedades neolíticas encontraram um ambiente capaz que produzir recursos muito mais abundantes. Como cultivo de cereais e árvores frutíferas, e parte dos viveres sendo acumulada para trocas comerciais, uma nova economia surge: o aumento da produção agrícola, a concentração do excedente nas cidades e ainda o aumento de população e de produtos, garantido pelo domínio da cidade sobre o campo.
    Na Mesopotâmia, o excedente se concentra nas mãos dos governantes da cidade; que nessa qualidade recebem os rendimentos de parte das terras comuns, a maior parte dos despojos de guerra e administram essas riquezas acumulando as provisões alimentares para toda a população, fabricando ou importando os utensílios de pedra e metal para o trabalho e para a guerra, registrando as informações e os números que dirigem a vida da comunidade. Essa organização deixa seus sinais no terreno: os canais que distribuem a água e permitem transportar para toda a parte os produtos e as matérias primas; os muros circundantes que individualizam a área da cidade e a defendem do inimigo; os armazéns, com sua provisão de tabuinhas escritas em caracteres cuneiformes; os templos dos deuses, que se erguem sobre o nível uniforme da planície com seus terraços e as pirâmides em degraus. Essas obras e casas em comum são construídas de tijolos e de argila. O tempo faz com que elas desmoronem e sejam incorporadas novamente ao terreno, e dessa forma conserva, camada por camada, os vestígios dos artefatos construídos em cada período histórico. Até meados do III milênio, as cidades da mesopotâmia formam outros estados independentes, que lutam entre si para repartir a planície irrigada pelos dois rios. Estes conflitos limitam o desenvolvimento econômico e só terminam quando o chefe de uma cidade adquire tal poder que impõe seu domínio sobre toda a região.