terça-feira, 12 de março de 2013

Adriano Assassina Apolodoro


A despeito de todas as dificuldades e desafios impostos a um imperador romano, era essencial garantir os espetáculos encenados para celebrar a glória de Roma. Dentre as histórias contadas, estava a do assassinato do arquiteto Apolodoro a mando do imperador Adriano.

Tal história, provavelmente falsa, narrava a construção do Templo de Vênus, que foi erguido sobre os escombros da Casa Dourada de Nero, tendo sido dedicado aos cidadãos romanos, já que a mensagem de Adriano era que “o Estado pertence ao povo e não a mim”, populi rem esse, non propriam.


Diz-se que Adriano enviou as plantas do Templo a Apolodoro, e este fez duras críticas ao projeto, afirmando que o Templo de Vênus não conseguia simbolizar sua unidade com o povo, fato este que levaria Adriano a quebrar seu elo mais importante com seus súditos. Assim, para proteger tal vínculo, mandou assassinar o crítico de sua obra.
Os romanos cunharam a expressão “teatrummundi”, que significa “o mundo é um palco”, de forma que eles passaram a dar crédito apenas ao que os seus olhos viam. Era o que se conhece hoje por “culto às aparências”. Os romanos institucionalizaram seu modo de tomar as aparências literalmente.
Dotados de forma circular ou oval fechada, os anfiteatros romanos foram palco de lutas mortais de gladiadores, de homens e mulheres lançados indefesos às garras de leões, ursos e elefantes. Criminosos, desertores, hereges e cristãos eram torturados, crucificados ou queimados vivos. Mas esta casa de horrores dava mais do que prazer sádico ao seu público: ela embrutecia o povo ante as carnificinas que precediam as conquistas imperiais.


Outra grande utilidade dos anfiteatros era a de personificar os deuses em suas histórias míticas: certa fez, Átis foi castrado e Hércules foi queimado vivo. Orfeu, vestido com pele de animal, foi de repente devorado por um urso.
Para representar melhor a realidade, os romanos recorreram principalmente à mímica e à pandomima, que é uma modalidade de teatro gestual, valorizando a forma perfeita e a estética da linha do corpo, pois é através dele que tudo será dito. A gesticulação política chegou até ao fabrico de moedas eloquentes, demonstrando em suas faces muitas informações, criando um vínculo indissolúvel entre a representação e os atos dos governantes.
Ao invés de promover uma cena inédita, fora do comum, os romanos preferiam repetir centenas de vezes, por exemplo, a cena de um miserável vestido adequadamente, que logo era identificado como Orfeu, e logo evocava no público o seu terrível destino de ser devorado vivo por um urso. A repetição parecia gravar com muito mais força a imagem na mente do espectador. Talvez por isso nota-se uma certa escassez de imagens visuais na cultura romana.

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