Seguindo um esquema retangular repetido por todo o Império,
a construção do Fórum obedecia a um plano. Um plano divino. O local era
confiado à proteção dos deuses. Uma construção religiosa particularmente
importante é o Pórtico dos Doze Deuses.
Eles pretendiam fazer com que sua arquitetura fosse consensual,
harmônica e linear, através do desenvolvimento do Peristilo e da Basílica. O
peristilo consiste numa extensa série de colunas ao longo, por exemplo, de um
pátio, ou defronte a blocos de prédios. A basílica é uma construção retangular
a que as pessoas tem acesso por um lado, saindo pelo outro. Os Romanos criavam
espaços em que uma pessoa se deslocasse sempre para frente, sem nada que
chamasse atenção lateralmente, sendo essa a espinha dorsal desses lugares.
A geometria do espaço romano disciplinava o movimento corporal e, nesse
sentido, conduzia a regra de olhar e obedecer, intrinsecamente vinculada ao
diktat e acreditar.. Como nas cidades provincianas, a geometria do poder, no
centro de Roma, inibiu a exposição das diversidades. A medida que regras foram
sendo impostas no Forum Romano, ao final do período republicano, os mercadores,
açougueiros, verdureiros e peixeiros mudaram-se para bairros distantes,
deixando a zona totalmente livre para advogados e burocratas. Reduzida a
diversidade, o antigo centro de Roma passou a ser um lugar dedicado ao
cerimonial, onde o poder vestia a indumentária e desempenhava os papeis
pacificadores da pantomima.
A ordem visual também impunha sua marca nos prédios ocupados pelo Senado
romano, que de suprema instituição republicana caíra no formalismo, com a
ascensão dos imperadores.
Todo o desenrolar da história do Fórum Romano foi como um presságio dos
grandes fóruns imperiais, que seriam construídos durante o período que se
seguiu e que se constituíram em imensos espaços, nos quais os romanos se
moviam, submissos, diante das representações da majestade dos deuses vivos que
governavam suas vidas.
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