segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A morfologia urbana das cidades portuguesas

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Almeida, Portugal

    As peculiares características morfológicas das cidades portuguesas devem-se à origem da cultura urbana portuguesa, à escolha dos locais de implantação, à adequação do traçado à topografia local, à localização de edifícios singulares em conformidade com a topografia, e à influência destes no traçado urbano.

A cultura urbana portuguesa tem influências das culturas grega, romana e muçulmana, resultando nas malhas urbanas do tipo vernáculas, e ainda nas eruditas. No primeiro caso, a malha é menos regular, baseando-se em edifícios singulares civis ou religiosos, geralmente localizadas em regiões elevadas da cidade, a partir dos quais o sentido da malha urbana começa a se desenvolver. Já os modelos eruditos são planejados com um traçado regular, sendo definida uma boa ordem geométrica. As cidades portuguesas são o resultado da soma dos elementos vernaculares e eruditos, e os diferentes momentos históricos goram cruciais na forma de se construí-las.

Verificou-se que quanto maior era o controle central do poder, maior a componente erudita no traçado das cidades, que se tornou visível nos traçados regulares medievais, renascentistas, ligados às fortificações, iluministas, barrocos e nos da era pós industrial.

Segundo Manuel Teixeira, as cidades medievais tinham quarteirões retangulares alongados, com  lotes estreitos orientados com uma frente pára a rua principal e outra frente para a rua das traseiras, sendo cortadas por vias perpendiculares. As praças não existiam e iam se estruturando gradualmente. Apresentavam também muralhas defensivas.

A partir do século XV, ocorreu um movimento de renovação urbana, com o objetivo de fazer intervenções para a criação de praças e edifícios institucionais que as estruturassem, como igrejas Matrizes, casas de Misericórdias e de Câmara.



Os desafios do séc. XVII, a nível urbanístico, para Portugal, foram norteados por dois fatores: A Independência, que resultaram em cidades com necessidades de sistemas defensivos e a necessidade de ocupar os novos territórios ultramarinos. Esses fatores influenciaram diretamente no traçado das cidades que apresentavam cinturas de fortificação, que possuíam cortinas e baluartes, fossos e esplanadas. A existência de fortes, redutos e baterias. Era constante a presença de edifícios militares, junto as muralhas e separados da cidade pela estrada de armas que acompanhava o perímetro das fortificações.



O século XIX, caracterizado pela continuidade da cidade clássica e barroca e surgimento de novas tipologias que vão preparando a cidade moderna, ou seja, os traçados regulares, quadrículas, ruas avenidas e praças foram somados, agora a jardins, parques alamedas, passeios públicos, e avenidas. 
Foram grandes transformações nesse período nas cidades, onde muralhas foram destruídas dando lugar a grandes jardins e alamedas, tendência que perdurou pelo século XX até a segunda guerra mundial. Portugal, como todos os países da Europa passaram pela imposição do progresso e cosmopolitismo, tendo Paris o principal modelo da época.  No século XX, continuou com a influência “urbanística formal”, do urbanismo moderno e da Carta de Atenas, que previa a conservação parcial e limitada dos centros históricos, no entanto, desde o século XIX, houve a crescente abstração aos espaços e a decorrente ameaça da perca da originalidade, tornando-os cada vez mais globalizados.

A partir dos anos 60 houve um novo olhar para o patrimônio, tendo o centro da cidade sido redescoberto, surgindo um movimento de remodelação, melhoramento do habitat. Em suma as cidade portuguesa, teve grande coerência interna, não obstante aos modelos da época, não se abstraiu, procurando responder a realidade material e cultural de cada situação.

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